domingo, 17 de maio de 2009

Ver, é preciso ver.

É incrivelmente mágico ativar os sentidos quando se caminha pela rua. Sentir o cheiro das árvores e das flores, sentir o cheiro do vento, o cheiro da comida dos bares e restaurantes, o perfume das lojas, o cheiro de remédio das farmácias. Ver, é preciso ver. Como cada árvore forma um belo desenho, como elas são peculiares e diferentes umas das outras. Seus compridos galhos se juntam e fecham o céu com suas belas folhas. As flores com cores tão vivas que é possível pensar que elas foram pintadas com uma tinta mágica e magnífica. O céu estrelado, com nuvens sombrias da noite, declarando e estampando a imensidão do universo. Como a cidade é bonita e atraente à noite. As lâmpadas com sua luz sóbria e etérea, as casas e prédios antigos com seu charme europeu, os prédios novos com suas luzes e designes chamativos. O que estraga a rua, talvez, são as pessoas.

Sim, as pessoas com sua intensa cegueira. Não enxergam a beleza que as rodeia, não olham para os lados, andam maquinalmente compenetradas em suas obrigações, seus compromissos, seus problemas. Ou andam apenas, na sua grandiosa e implacável apatia e função de ser, de sobreviver. Nunca uma frase fez tanto sentido para mim como a frase do heterônimo de Fernando Pessoa, Alberto Caeiro: "pensar é estar doente dos olhos". É exatamente esse o mal da humanidade. Enquanto se perde tempo pensando, pensando mecanicamente, em tolices e devaneios, se perde tanto em beleza, em conhecimento visual que desponta em conhecimento fundamental. Quando se observa uma árvore (não me canso em citá-las), se aprende o sentido puro e essencial da vida. Elas estão ali, sempre no mesmo lugar, aparentemente imóveis, mas a cada dia mudam, envelhecem, ficam majestosamente maduras e sábias e, o mais importante, não perdem sua beleza.

Nenhum comentário:

Postar um comentário